O último dia de Pompeia

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

 Asfixia no banheiro. Loucos por joias. Sexo com gladiadores. Histórias reais de vidas destruídas por um vulcão



Se o mundo fosse acabar, me diz, o que você faria? Quando o monte Vesúvio explodiu na manhã de 24 de agosto do ano 74, cada um em Pompeia reagiu de uma maneira. Enquanto chovia fogo sobre a cidade romana, houve quem se apressasse para salvar seus bens. Gases venenosos dobravam as esquinas e encontravam gente que preferiu se abraçar a correr. Quando a lava cobriu as ruas, sepultou o cadáver de uma dama na casa dos gladiadores.

Uma coisa é certa: ninguém ali nunca havia visto nada parecido. Literalmente. A última erupção no que hoje é a Europa tinha ocorrido 1.700 anos antes, na ilha grega de Santorini. Nem existia palavra para descrever vulcão em latim. Nas primeiras horas, as pessoas ficaram escondidas, esperando que tudo se acalmasse e fosse possível curtir o resto do verão no próspero balneário. Como o Vesúvio não dava trégua, cuspindo fumaça e pedras em seguidas explosões, alguns quiseram fugir. Tarde demais: os portões da cidade já estavam bloqueados e o mar revolto pela erupção. Ao final do dia, 80% dos 20 mil habitantes estavam mortos.

A partir das posições em que os mortos foram encontrados, das roupas que vestiam e do que traziam consigo, é possível reconstituir seus últimos momentos. Saiba o que eles fizeram quando o mundo acabou.

CHUVA DE PEDRA
No alto do Vesúvio surgiram nuvens que pareciam fogueiras. Logo o chão tremeu e o topo do vulcão explodiu feito uma tampa de panela de pressão. A cidade foi bombardeada por uma chuva de pedras. Sem noção do que fazer, as pessoas foram para casa esperando passar.

CORRER OU MORRER
Poucas vezes dá para escrever isso literalmente: foi um salve-se quem puder. Num instante, as praças e as ruas esvaziaram. Quem não morava por ali, tentou se abrigar como pôde - debaixo de arcos e cúpulas, dentro de bares e lojas no centro. Os mais espertos ou apavorados trataram de deixar a cidade.

SEM SAÍDA
Uma multidão tentou deixar Pompeia pela Porta Stábia, principal passagem na muralha da cidade, no lado sul. Se depararam com uma saída bloqueada por escombros. Morreram ali, soterrados e aglomerados.

DINHEIRO NA MÃO É FUNERAL
Muitos cadáveres foram encontrados carregando dinheiro, relíquias e prataria. Uma mulher morreu do lado de fora de um hotel levando uma pilha de joias, incluindo um bracelete de ouro com a inscrição: "do mestre para sua escrava".

CASAL SEPARADO
Um homem e uma mulher tentaram fugir juntos pela rua principal. Mais frágil, ela caiu primeiro. Sem forças, talvez envenenado pelo gás, o rapaz também desabou. Apesar do esforço, não conseguiu tocar a mão dela pela última vez.

FAMÍLIA E PROPRIEDADE
Pompeia era uma cidade próspera, residência de muitos romanos ricos. Estes se recusaram a abandonar suas casas - permaneceram ao lado da família e de seus bens, aguardando que tudo voltasse ao normal. Em uma mansão, uma mulher colocou suas melhores joias, abraçou duas crianças e esperou pelo pior.

RUMO AO MAR
Alguns atravessaram a Porta Marina para chegar ao mar aberto e, quem sabe, à salvação. Mas o tremor de terra que acompanha toda erupção deixou o mar extremamente revolto. O porto e os barcos foram destruídos pela força das ondas, que atingiam alturas impressionantes. O jeito era retornar à cidade ou morrer na praia - onde foram encontrados vários corpos.

LAVA DEVAGAR
A lava do Vesúvio não matou ninguém. Quando o magma chegou à cidade, a população já havia sido vítima de pedras voadoras, gases venenosos, incêndios, desabamentos e asfixia.

UMA ÚLTIMA AVENTURA
Uma fofoca com 1.940 anos de idade: sabe a caserna dos gladiadores, atrás do teatro? Nem te conto o que acharam ali: o corpo de uma mulher rica e elegante. Tudo leva a crer que a nobre dama procurava uma aventura clandestina e foi surpreendida pela erupção.

MORTE NA LATRINA
O Vesúvio surpreendeu peões de uma obra em plena jornada de trabalho. Os pedreiros correram para um banheiro público e lá se trancaram. Vez ou outra abriam a porta para salvar a vida de um colega. Encheram o pequeno espaço e não deixaram mais ninguém entrar. A latrina os livrou dos bombardeios de pedras flamejantes, mas não foi capaz de salvá-los da asfixia.

UM DE CADA CINCO
Não deve ter sido fácil deixar a cidade: no meio de fumaça densa e chuva de cinzas, as pessoas correram sufocadas e cegas, tropeçando sobre mortos ou pisoteando vivos, que agonizavam e pediam ajuda inutilmente. Cerca de 20% da população conseguiu escapar.

CEMITÉRIO
Em meio ao pânico generalizado, alguns buscaram abrigo em jazigos e mausoléus de um cemitério ali perto. Uma mãe e uma filha tentaram se proteger em uma cova e acabaram morrendo soterradas. Famílias inteiras morreram ali, ao lado dos que há muito já tinham partido.

AJUDA DIVINA
Não é comum pensar nos antigos romanos como um povo muito religioso. No entanto, em vez de tentar fugir, muitas famílias preferiram ficar e rezar. Acabaram morrendo abraçados ou ajoelhados, em posição de reza, talvez pedindo clemência.

DE CENÁRIO DE TRAGÉDIA A MUSEU EM CÉU ABERTO
 As lavas do Vesúvio cobriram Pompeia de uma maneira que após um tempo as pessoas nem conseguiam mais saber onde ela ficava. Os habitantes do vilarejo medieval que surgiu no local não faziam ideia de que viviam sobre um tesouro arqueológico. As ruínas foram reencontradas por acidente em 1599. Foram séculos de escavação até que a cidade viesse à tona, conservada pela ação das cinzas e da lava. Ironicamente, a tragédia que matou Pompeia permitiu que ela vivesse para sempre, congelada no tempo.

FONTES: Pedro Paulo Funari, professor do Departamento de História e do Laboratório de Arqueologia Pública da Unicamp e autor do livro A Vida Cotidiana na Roma Antiga e Grécia e Roma; Pompéia - Através dos Tempos, de Richard Platt; Life and Death in Pompeii and Herculaneum, de Paul Roberts.

De Evita Peron a Papa Francisco

quarta-feira, 27 de março de 2013


Recente conclave cria terreno fértil para que se discuta o cenário de instabilidade política e social evidenciado pela constante volta a um passado mítico, na Argentina, hoje.

“Precisamos evitar a doença espiritual de uma igreja encerrada em seu próprio mundo”, disse o papa Francisco, ao assumir o pontificado, na semana passada. Assim como tudo o que diz respeito à Igreja, os critérios pelos quais são escolhidos os papas também estão envolvidos pela aura de mistério que reforça a proliferação de uma narrativa mítica, e da sedução exercida por um personagem com a força alcançada por Jesus Cristo. Mas, desde a Reforma Protestante no século XVI, podemos nos sentir à vontade para interpretar livremente a história da fé cristã. Além disso, como o Brasil já não figura mais como país de hegemonia católica, outras e novas perspectivas sobre o poder da Igreja podem ser discutidas sem cair na armadilha da oposição entre verdade e mentira.
O fato é que o diagnóstico sugerido pelo novo pontífice para o mundo espiritual - do qual acaba de se tornar o maior responsável - acompanha perfeitamente a experiência política vivida pela Argentina desde o fim da última ditadura, em 1983. A dificuldade em sintonizar a imagem que os argentinos têm de si mesmos, e aquela pela qual são vistos do lado de fora parece levá-los a um esforço constante e cada vez mais deslocado de projeção internacional pela via de um passado cristalizado que internamente parece mobilizar parte da população, mas que do lado de fora cheira a um teatralismo ideologizado e dramático, possivelmente exemplificado pelas sucessivas homenagens feitas a Eva Perón.

Fascínio pelo passado
O historiador Paulo Renato da Silva sugeriu em artigo publicado na Revista de História que “um desenho animado sobre Eva Perón foi lançado poucos dias antes da reeleição de Cristina Kirchner como presidente da Argentina, em 2011, cartões-postais com as imagens do casal Juan e Evita são facilmente encontrados na capital, Buenos Aires, e o túmulo de Evita no Cemitério da Recoleta é um dos pontos turísticos mais visitados da cidade. Em Caminito, outro ponto turístico importante, estátuas da ex-primeira-dama decoram as sacadas de algumas casas, ao lado de imagens de outros argentinos famosos, como Maradona e Che Guevara”.
Outra obsessão da política argentina tem sido a chamada Questão Malvinas: “contraproducente e escravizadora da nação, tal qual o crente hiperortodoxo a quem foi necessário explicar que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado”, afirmou em 2003 o também historiador Vicente Palermo. Vivendo dessas memórias, o país parece não conseguir se descolar de imagens nacionalistas de si produzidas, porém, em outros contextos e retomadas como prática política sempre que se torna necessário esconder a situação presente.
A despeito de uma historiografia crítica e produtiva e de um debate acadêmico igualmente comprometido com a complexidade da história argentina e de sua conjuntura atual, sociedade e política parecem campos anestesiados desde a redemocratização, e blindados a opção de rever as questões que foram se tornando únicas zonas de conforto e segurança em tempos de “instabilidade perpétua”. Nesse quadro, o papa argentino faz todo o sentido: mobiliza a população, aflora nacionalismos em um campo menos explorado, repete protocolos em meio a eventos de massa, e pouco ou nada influencia nos rumos nacionais.
 
Papa argentino
“Humilde”. Assim tem sido definido o primeiro Papa latino americano da história pela grande imprensa brasileira. Especula-se que a vontade de ser chamado Francisco seria um pedido de benção a São Francisco de Assis, “o santo dos pobres”. E foi com euforia que o mundo parece ter recebido a declaração de que os cardeais foram “ao fim do mundo buscar um novo Pontífice” em seu primeiro pronunciamento. Preserva-se aqui uma antiga roupagem vestida à força uma vez pelas nações de passado colonial, mas tantas outras espontaneamente como agora. Não se trata de não ser humilde, por favor, mas é preciso não confundir um legado de desigualdades e injustiças sociais profundas com uma herança epistemológica que criou por aqui um modelo de desenvolvimento que nos cega para possibilidades de nos compreender e de compreender o mundo a partir de um pensamento próprio, com sua lógica particular e seus diferentes códigos nascidos, talvez, das “interculturalidades” e do diálogo de saberes que nos formaram.
Mas, ao contrário, não apenas nos inserimos em uma ordem mundial e moderna da maneira desejada e vista como a única possível, como, ainda hoje, praticamos internamente as tensões de uma colonialidade como forma de viver através do compromisso cada vez mais forte com a “política da diferença”, das minorias, como se esta fosse a forma mais natural, avançada e, por que não, humilde, de existir.
Mas, como todo ser humano, o novo papa também tem seu lado sombrio e foi acusado mais de uma vez de envolvimento pessoal e direto com crimes cometidos durante a ditadura argentina, entre os quais o assassinato de padres e o sequestro de bebês. Não apenas na terra natal de Bergoglio, mas no Chile, na Argentina, e por onde os golpes militares e civis-militares anticomunistas passaram, a Igreja esteve envolvida com a instauração de ditaduras na América Latina. Houve os que apoiaram abertamente, outros se omitiram e assim como na sociedade civil e na grande imprensa, múltiplas frações de “zonas cinzentas”, ambíguas, foram se adaptando à situação, pactuando ou negociando a melhor forma possível de sobrevivência. Cobrar do papa atitude revolucionária é o mesmo que enfatizar o seu conservadorismo.


Nossas sereias

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013


Mito europeu, as sereias eram seres fantásticos – meio mulher, meio animal (ave ou peixe) – que habitavam rochedos no Mar Tirreno e na região do Mediterrâneo, atraindo pescadores e navegantes com sua beleza  e seus encantos. Ao chegarem ao Brasil, os colonizadores europeus adaptando a lenda clássica a elementos da cultura local, e fizeram a sereia convergir, entre outros, coma Mãe-d’ Água, a Iara e até mesmo com a orixá sudanesa Iemanjá. Outro mito surgido com  aqui e mesclado com a antiga lenda europeia é o  da Alamoa, mulher fantástica, loura e nua, avistada em Fernando de Noronha. Ela atraía homens desavisados e em seguida se transformava num esqueleto, aterrorizando seus enamorados . O nome da entidade é uma corruptela de “alemã”. Trata-se, provavelmente, de uma  reminiscência da presença holandesa no atual Nordeste, no século  XVII.
Em Dicionário do Folclore Brasileiro, de Câmara Cascudo

Projetos da EEEP Santa Rita são destaques na VI Feira EStadual de Ciências

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

e
O Projeto Historiando com o lúdico II : U ma experiência coletiva na reconstrução da cultura de uma sociedade plural foi classificado em 1° lugar na categoria Ciências Humanas. As alunas Stephanie Lian e Gabrieli Rose juntamente com o professor Orientador Ivan Pontes Júnior ganharam um tablet e o crdenciamento para a MOSTRATEC que acontecerá em Novo Hamburgo-RS e partciparão do Encontro Internacional da RED Colombiana de Semilleros de Investigação, na Colômbia.
O   Projeto Conto Popular, história e formação de leitores II: das narrativas do cotidiano à produção literária, ficou em 3° lugar na categoria Linguagens e Códigos. As alunas Morganna Rangel, Sarah Yarina e o orientador Ivan Pontes Júnior ganharam crdenciamento para a feira   Ciência Jovem, em Recife-PE. O projeto também  ficou em 1° lugar em votação popular ganhando credenciamento para a  MILSET Brasil, em Fortaleza-CE.

Diversão a bordo

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Na época dos Descobrimentos, os padres embarcados eram responsáveis por apaziguar o ânimo dos marujos nas caravelas. Festas religiosas incluíam até os mal vistos jogos de azar
A tensão na rotina das caravelas era amenizada em algumas ocasiões especiais. Os padres embarcados se encarregavam de atuar como apaziguadores dos ânimos da tripulação, usando as comemorações religiosas para canalizar as atenções em prol da vida espiritual. As festas tinham a função de entrosar os participantes. Além disso, celebrar um dia santificado era uma tentativa de domar as forças da natureza, expressas nas calmarias e tempestades, uma busca de proteção contra as intempéries.
As missas eram rezadas, seguidas de procissão pelo apertado convés e uma festa com representação teatral, sempre com temas religiosos enaltecendo aspectos morais e cristãos. Os atores eram os próprios tripulantes. Quando havia comida disponível, um banquete era oferecido, dentro das limitadas opções de preparo de delícias. Tudo isso era acompanhado com danças e músicas.
Além destas festas, o divertimento a bordo estava restrito a jogos de azar, principalmente usando cartas. A prática era condenada pelos clérigos, mas tolerada e estimulada pelos oficiais, pois amenizava os conflitos e brigas entre os marujos.
 
Fábio Pestana Ramos é professor no Centro Universitário Monte Serrat e autor de Por mares nunca dantes navegados: a aventura dos descobrimentos(Contexto, 2008).

Grécia Antiga

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Este vídeo ajudará vocês na revisão dos conteúdos estudados.

Alunos da EEEP Santa Rita assistem o filme "O menino do pijama listrado"

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Enquanto isso na Politica...

Charge publicada No Diário do Nordeste - 25/10/2012.

Projeto Conto Popular, HIstória e Formação de Leitores é destaque em eventos científicos

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O projeto Conto Popular,História e Formação de leitores: Das narrativas do cotidiano à produção literária participou da Mostra de Ciências e Tecnologia realizado nos dias 04 e 05 de setembro na EEEP Santa Rita ficando em 1° lugar na categoria Linguagens, Códigos e suas tecnologias e 1° lugar geral do evento, ganhando credenciamento para o IV MOCINN que acontecerá em setembro de 2013 em Recife-PE.
O projeto também participou da XXI EXCETEC (Exposição de ciência e tecnologia do Colégio Christus) que aconteceu de 05 a 08 de setembro no Colégio Christus, ficando em 1° lugar na categoria Ciências sociais e de comportamento e credenciamento para a MOSTRATEC que acontecerá em 2013 em Novo Hamburgo-RS.
O projeto tem como alunas autoras :Sarah Yarina e Morganna Rangel e é orientado pelo professor José Ivan Pontes Júnior.

Conheça a origem da expressão "Comeu peba" usado na política maranguapense

sábado, 13 de outubro de 2012

                      Esse é um fato real que virou tradição na política maranguapense.
        O sr. Joaquim Tiburcio, cidadão moradanovense, radicado em Maranguape, resolveu candidatar-se a vereador na década de 30. Fez articulações com seus parentes e amigos para ser sufragado nas urnas. Bastante animado convidou aqueles que ele achava ser seus eleitores para um lauto almoço em sua residência,  o mesmo havia reservado alguns  pebas que seria o menu do almoço dos eleitores convidados.
          Ao fim do dia, quando as urnas foram abertas e os votos apurados, o Sr. Joaquim ansioso para ver sua votação ficou surpreso, pois o resultado foi decepcionante, somente um voto nas urnas , que foi o dele.
         Daí, em diante, todas as pessoas que não obteem  êxito  nas campanhas eleitorais, o maranguapense diz que essa pessoa comeu peba.
         Comer peba na linguagem do maranguapense significa, perder nas urna, nos pleitos eleitorais.     

Encontre na pintura algumas personalidades da história

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pintada pelos artistas chineses, Dai Dudu, Li Tiezi e  Zhang An. Pintura a óleo feita em 2006.

Esta pintura é verdadeiramente surpreendente.
Mais surpreendente ainda, por sua tela ter sido computadorizada. 
Clique no link abaixo

e uma versão maior da pintura aparecerá.
Passe o cursor do mouse por cima das pessoas e o programa te dirá quem é cada um deles. Se clicar sobre a pessoa, terá sua biografia e história.



Lobisomens na Corte: Família era motivo de chacotas por sofrer de doença rara

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Por sofrer de uma doença rara, a família Gonzales viveu entre nobres europeus no século 16 como a atração de um circo de bizarrices

Petrus Gonzales nasceu em 1537, nas ilhas Canárias. O menino era muito, muito peludo - tinha cabelo até na palma das mãos. A notícia logo chegou ao continente: as ilhas Canárias - que ficam no oceano Atlântico, a oeste do Marrocos - receberam esse nome pelo grande número de cães que lá foram encontrados na Antiguidade. Seria Petrus, então, uma espécie de menino-lobo?
Aos 10 anos, ele foi morar em Paris. Ninguém sabe ao certo quem deu o garoto "de presente" ao rei Henri II, conhecido por sua atração por coisas e pessoas exóticas. O fato é que sua majestade gostou do menino desde o início e garantiu que ele fosse educado como um membro privilegiado da corte. Petrus teve aulas de latim e boas maneiras, ganhou um emprego, casou-se e teve quatro filhos e três filhas, quase todos peludos como ele.

Ilustração baseada no quadro Retrato de Antonietta Gonzales, de cerca de 1590, de Lavínia Fontana. Nele, Antonietta segura anotações sobre como se tornou marquesa de Soragna.

A saga dessa família incomum na Europa renascentista é o tema de The Marvelous Hairy Girls: The Gonzales Sisters and Their Worlds (As Maravilhosas Meninas Peludas: As Irmãs Gonzales e Seus Mundos, sem tradução em português), da historiadora Merry Wiesner-Hanks. "Eu estava fazendo uma pesquisa sobre outro tema quando me deparei com a imagem de Antonietta (uma das filhas de Petrus). Não consegui esquecer aquele rosto peludo e infantil. Decidi, então, investigar a fundo a história da família Gonzales. A pintura que despertou minha curiosidade virou a capa do livro", conta Merry, que é professora de história na Universidade de Wisconsin-Milwaukee (EUA).
Em sua pesquisa, a historiadora encontrou citações sobre Petrus, sua mulher e seus filhos em cartas, certidões de batismo, obituários, livros e relatórios médicos e diplomáticos dos séculos 16 e 17.

Circo
Para Henri II, quanto mais bizarro, melhor. Em turnês que passavam por centenas de cidades e duravam anos, a corte francesa produzia espetáculos com figuras extraordinárias e seus feitos incríveis. Numa dessas viagens, em 1550, uma "vila brasileira" foi reproduzida com papagaios, árvores, macacos, ocas, redes e 50 índios de verdade. Nus, dançaram, cantaram e lançaram flechas de fogo, incendiando as ocas.
Apesar da presença de atrações inusitadas como essa, a chegada de Petrus causou alvoroço na corte francesa. A princípio, ninguém sabia o que fazer com o menino. Pensaram em mandá-lo para um zoológico. Outra opção seria treiná-lo para entreter o rei, como fizeram com um grupo de anões - nesse caso, a piada era vesti-los de monarca. Para a sorte do garoto, Henri II tinha outros planos. Mais que um humano com cara de cachorro, ele queria um humano com cara de cachorro que se comportasse como um nobre. Petrus foi nomeado assistente do carregador de pão do rei, cargo que exigia um treinamento protocolar. Uma caverna foi construída para o garoto num dos parques da realeza. "Diziam que a ideia era amenizar a saudade que Petrus sentia de casa, mas claro que estavam apenas criando sensacionalismo para impressionar os visitantes", afirma Merry.
O primeiro registro sobre sua chegada à Europa é uma carta do representante na corte francesa do duque de Ferrara, Giulio Alvarotto, a seu mestre: "O rei está com um menino, de cerca de 10 anos, nascido nas Índias, que tem o rosto completamente coberto de cabelos desde que nasceu, exatamente como as pinturas de homens selvagens das florestas. Os pelos têm cerca de cinco dedos de comprimento. São muito finos, o que torna possível ver todos os traços de seu rosto. O pelo é louro-claro e muito delicado e fino, como o de um antílope, e tem um cheiro bom. Ele fala espanhol e se veste como uma pessoa normal. Mas o pelo o deixou frustrado para o resto da vida. Aqueles que cuidavam dele o deram para nossa majestade".
Mais tarde, Gonzales virou secretário confidencial do rei, casou-se com uma mulher chamada Catherine e teve sete filhos. Um deles, Ercole, morreu muito cedo e nada se sabe sobre sua aparência. Entre os demais, apenas outro menino, Paulo, não era peludo. As três filhas, portanto, herdaram a condição do pai.
Entre 1580 e 1590, toda a família viajou em direção ao sul da Europa. Na Suíça, foram examinados pelo médico Felix Platter, que publicou um livro com observações sobre os Gonzales: "Em Paris, havia um homem excepcionalmente peludo em todo seu corpo, muito querido do rei Henri II e que fazia parte de sua corte. As sobrancelhas e o cabelo na testa eram tão longos que ele tinha que puxá-los para poder enxergar".
Em Parma, na Itália, os Gonzales caíram nas graças da família mais influente da cidade, os Farneses, que tinha papas, cardeais e generais entre seus membros. O duque Ranuccio Farnese deu um dos meninos de presente a seu irmão, o cardeal Odoardo. Enrico, já com 18 anos, posou por ordem do cardeal para o pintor Agostino Carracci. O quadro Enrico, o Cabeludo entrou para a coleção de "animais" do cardeal. Além dele, estavam na coleção Pietro, o Bobo, Amon, o Anão, dois cachorros, dois macacos e um papagaio. Antonietta foi dada de presente à marquesa de Soragna, Isabella Pallavicina. Tratada como animal de estimação, a menina era sempre levada a festas por sua "dona".
Os Gonzales eram constantemente examinados por médicos e tiveram seus retratos pintados diversas vezes. Apesar dos bons modos e dos belos vestidos de brocado que usavam, Maddalena, Francesca e Antonietta eram descritas como cabeludas, selvagens, monstros, bestas ou aberrações. Francesca morreu criança. Maddalena foi a única que se casou.
No século 16, eram comuns os casamentos arranjados. Paulo, Orazio e Enrico (quatro vezes) também se casaram. As esposas eram sempre meninas de famílias pobres. No caso de Maddalena, a história foi diferente. Ela vivia em Parma, sob a guarda do duque Farnese, e também não tinha bens. Para torná-la mais atraente, o duque deu a ela um belo dote: uma casa na cidade (era costume a família da noiva oferecer bens ou dinheiro ao noivo). Escolhido pelo próprio duque, o marido se chamava Giovan Maria Avinato e cuidava dos cães de caça dos Farneses. A autora levanta a questão: "Será que Ranuccio e Odoardo Farnese escolheram um homem com essa ocupação para ser marido de Maddalena, a Cabeluda, porque eles acharam adequado ou porque acharam divertido?"
Enrico, Paulo, Orazio e Maddalena tiveram filhos. Há registros de que pelo menos dois netos de Petrus e Catherine Gonzales nasceram peludos também. Nenhuma pintura foi feita. "Aos poucos, a herança genética desapareceu", diz Merry.

Mutação genética rara
 

A doença dos Gonzales é conhecida como hipertricose congênita, ou síndrome de Ambras. É causada por mutação genética e não tem cura. Petrus foi o primeiro caso registrado. Hoje há cerca de 100. O mais recente é o da tailandesa Supatra Sasuphan, 11 anos, que entrou para o Guinness como a menina mais cabeluda do mundo. Sem antecedentes na família, Supatra tentou resolver o problema com depilação a laser. Mas os pelos cresceram de novo.

Saiba mais
Livro

• The Marvelous Hairy Girls: The Gonzales Sisters and Their Worlds, Merry Wiesner-Hanks, Yale University Press, 2009, R$ 68,70

 

Charge do mês

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


De Caminha a Cachoeira

Descubra as conexões de Caminha a Cachoeira

Pero Vaz de Caminha
Autor da Carta do Descobrimento do Brasil, herdou do pai o título de cavaleiro e o cargo de escrivão, que iria exercer na Índia - destino final da viagem de Pedro Álvares Cabral, que no caminho encontrou o Brasil. Caminha morreu logo após chegar à Índia. Mas a expedição foi um passo decisivo para o...

Colonialismo
Portugal foi o primeiro país europeu a estabelecer colônias na Ásia e África, às vezes por acordos pacíficos, outras por meio da violência. Espanha, Holanda, Inglaterra, França e Bélgica também exerceram o colonialismo, que explorou os países do chamado Novo Mundo. Mas também levou à invenção dos...

Zoológicos
Nobres europeus colecionavam animais desde a Idade Média. Mas o colonialismo gerou uma febre por novos bichos, e o primeiro zoológico moderno foi aberto na Áustria em 1779. Caiu no gosto do povo e se espalhou pelo mundo. O Zoológico do Rio surgiu em 1888, e teria como conse-quência a criação do...

Jogo do Bicho
Em 1889, com a proclamação da República, o Estado parou de financiar o zoológico - que em 1892 criou uma loteria para se sustentar. O jogo do bicho acabou proibido em 1941, junto com os cassinos. Mas não adiantou. Ele sobreviveu de forma ilegal, movendo um novo setor do crime organizado. Que inclui...

Carlinhos Cachoeira
Depois de fazer fortuna com o jogo do bicho, Cachoeira se envolveu em vários escândalos políticos. Acabou sendo preso, mas a cada semana aparecem mais políticos envolvidos com ele. Como Caminha, Cachoeira tem muitos contatos e é bastante falante - mas parece não ter um grande futuro.

Autópsia da razão

terça-feira, 17 de julho de 2012


'Método perigoso' narra caso de amor entre o psicólogo Carl Gustav Jung e sua paciente Sabina Spielrein, além de discutir os primórdios da psicanálise na Europa

Bruno Garcia
Um Método Perigoso fala de tudo, menos de método. O filme tem romance, traição, perversões e algumas paisagens bucólicas.  Conhecido pelas abordagens psicológicas, o diretor canadense David Cronenberg explora a célebre história do envolvimento entre Carl Gustav Jung, principal discípulo de Freud, e Sabina Spielrein, a primeira paciente em quem ele aplicou o método psicanalítico.
A história é real e já foi contada anteriormente emJornada da Alma (2003), de Roberto Faenza, e na peça The Talking Cure , de Christopher Hamptom, que também assina o roteiro do filme. Mas, diferente da película de 2003, que funciona como uma cine biografia de Sabina, o longa-metragem de Cronenberg se concentra na figura de Jung, em suas dúvidas e questões morais.
Foi na virada do século XIX para o XX que o otimismo cândido sobre a grandeza moral da humanidade começou a ser decisivamente contestado. A visão iluminista que julgava o comportamento humano como determinado única e exclusivamente pela razão foi questionado pela raiz. Artistas, pensadores, cientistas e escritores se juntaram cada um na sua área para praguejar contra os excessos do realismo objetivo do XIX.
Entre essas críticas estavam às descobertas de Freud, que qualificavam os seres humanos como movidos, não pela razão instrumental objetiva, mas por impulsos inconscientes. O nascimento da psicanálise pôs um freio nas projeções ortodoxas de um progresso incomensurável e alertou para existência de uma natureza humana subterrânea, muito mais obscura, marcada por visões de desejos e perversões quase sempre inconfessáveis.  

Ajoelhou, tem que rezar!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Gravura de Washt Rodrigues. No momento da confissão alguns padres aproveitavam para abusar sexualmente das mulheres

Nos séculos XVII e XVIII, muitos padres aproveitavam o momento da confissão para assediar sexualmente as mulheres

Não foi para fazer uma simples visita que Antonio Francisco de Barros procurou Manoel Martins de Carvalho, um representante da Inquisição portuguesana Capitania de Goiás, em outubro de 1791. Mais do que isso, ele queria denunciar o padre José Correia de Queirós ao comissário do Santo Ofício por ter “solicitado” sua filha durante a desobriga da Quaresma – nesse período, isto é, nos quarenta dias entre a quarta-feira de Cinzas e o domingo de Páscoa, todos os católicos deviam cumprir a obrigação de se confessar. “Resistindo-lhe a penitente”, explicava Barros, “ele a quis violentar, com desordenado e furioso ímpeto de que resultou grande escândalo às pessoas que o presenciaram”. Os dois ficaram a sós num cômodo da casa de Antonio, e, ao ouvir os gritos de Maria Francisca, as pessoas a acudiram e encontraram o confessor “atracado na moça com tão cega fúria que lhe rasgou a saia”.
Uma das formas de violência sexual às quais as mulheres estavam submetidas no Brasil colonial era a investida de padres, que aproveitavam o momento em que ouviam suas confissões para assediá-las, especialmente quando as penitentes revelavam os chamados “pecados da carne”. Como eram delitos cometidos somente por padres, essas práticas – denominadassolicitatio ad turpia ou, simplesmente, solicitação – nunca foram julgadas pela Justiça comum, e sim pela Justiça Eclesiástica, tendo passado, em 1599, ao foro inquisitorial.
Pordesqualificar um dos principais instrumentos da Reforma Católica, a confissão anual obrigatória, esse delito causava grande preocupação. O fato de os párocos se valerem de seu poder para saciar seus desejos lascivos comprometia o sucesso do movimento reformador inspirado pelo Concílio de Trento (1545-1563). Na primeira metade do século XVIII, os bispos brasileiros se empenharam em implantar a reforma intelectual e moral do clero, determinada pelo Concílio, que finalmente chegava às terras coloniais.
Entre as medidas adotadas pelo episcopado para disciplinar o clero colonial estavam o controle sobre quem deveria ou não ser ordenado padre; a instituição de preleções para moralizar o clero (Conferências de Moral); o controle rigoroso sobre quem rezava missas e ouvia confissões; a criação de seminários; visitas às dioceses para identificar pecados de padres e de fiéis; e a perseguição aos solicitantes – cujo julgamento estava a cargo da Inquisição portuguesa, por meio do Tribunal de Lisboa. De acordo com a documentação inquisitorial guardada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, 503 mulheres denunciaram 425 padres por solicitação no Brasil, entre 1610 e 1810. Das 288 denúncias cujas datas foram determinadas, 216 (75%) ocorreram entre 1730 e 1760, período em que o episcopado realizou várias ações reformadoras. Em 228 delas, fica clara a intervenção de outros confessores, que perguntam às mulheres se houve assédio e as obrigam a denunciar os padres que cometeram o delito. Mas apenas 14 denúncias foram redigidas pelas solicitadas, pois, como a maioria das mulheres era analfabeta, muitos padres escreviam as denúncias para os Comissários do Santo Ofício.
As penas estabelecidas para os padres, de acordo com o Regimento de 1640, eram a abjuração – o reconhecimento do erro –, a suspensão da ordenação por cerca de oito anos, o degredo para fora do bispado onde o delito fora praticado e um ou dois anos de prisão com obrigação de assistir a preleções e estudar a doutrina católica, além de jejuns e penitências.
Pela quantidade de padres denunciados – que provavelmente não chegava nem perto do número dos que efetivamente cometeram o delito –, nota-se que a ameaça de punição não bastou para coibir a solicitação. Muitas vezes, as mulheres eram responsabilizadas pelo desvio de conduta dos párocos, transformados em vítimas da tentação feminina. Os solicitantes, para se defender, se valiam de representações da mulher derivadas de um modelo estabelecido pelo cristianismo: elas só podiam ser Marias ou Evas, santas ou pecadoras. Esse modelo, além de servir para classificar as mulheres, justificava as agressões àquelas que eram acusadas de falta de pudor, de virtude ou de modéstia, identificadas com Eva.
No caso do padre José Correia de Queirós, um ano depois de ter sido acusado, ele escreveu uma carta ao mesmo Comissário que recebera a denúncia, dando a sua versão dos fatos. Ele contou que fora desobrigar na casa de Antônio Francisco de Barros – porque ele morava longe –, e que lá “se achava uma mulher casada a qual vivia com bastante lassidão nos costumes contra a castidade”. Assim, “pela fragilidade humana, e com alguma inadvertência”, cometeu a “ação desonesta” de tocar em suas “partes pudendas”. Ao cair em si, ele admitiu ter sofrido um “sumo pesar”, e só demorou a se confessar diante do Santo Ofício por viver em um lugar distante e se encontrar enfermo.
O problema é que o modelo de comportamento feminino ideal, representado por Maria, era incompatível com a vida cotidiana daquelas que trabalhavam para sobreviver, sem a tutela masculina. Só poderia ser aplicado às mulheres abastadas, que viviam reclusas em suas propriedades e dependiam de seus pais ou maridos.Esse padrão de identidade feminina, vindo da Europa, tornou-se mais complexo na Colônia, pelo peso que a etnia adquiria numa sociedade em que havia a escravização de índios e africanos. Índias, negras e outras mulheres pobres eram alvos fáceis para as investidas dos solicitantes, embora as de melhor condição social não estivessem totalmente imunes.
Outro exemplo aconteceu com a parda forra Ana Maria dos Serafins. O confessor não mediu palavras para tentar obter o que queria, mas ela repeliu as insinuações do padre Bento de Souza Alvares alegando que viera “lavar-se dos seus pecados dos quais se arrependia”. O vigário insistiu para que Ana Maria “deixasse o arrependimento para a hora da morte”, pois “tinha maiores culpas”, e “se animou a querer-lhe levantar a saia”, aproveitando o fato de a igreja estar vazia. Desvencilhando-se, a mulher fugiu para a rua. O padre a seguiu, tornou a pegá-la, e tentou levantar sua saia enquanto ambos desciam a ladeira do Convento de São Francisco do Rio de Janeiro, no qual ficava a Capela dos terceiros, onde Ana Maria fora se confessar.
Os casos de abusos são incontáveis. Frei Euzébio Xavier de Gouveia chegou a dizer à escrava negra Joana que tanto fazia “casar donzela quanto já corrupta”, enquanto agarrava seus seios. Na Bahia, o padre Pedro da Silva costumava perguntar às penitentes se elas tinham “vaso grande ou pequeno”. Já idoso, ele foi descrito por uma das solicitadas como sendo cego e desdentado. Por não ter acesso fácil às mulheres, ele se saciava, perversamente, fazendo-lhes perguntas constrangedoras.
Quando se apresentou ao comissário do Santo Ofício de Pernambuco, em 1760, para confessar o abuso de seis mulheres, o padre José Pereira Afonso se explicou dizendo que os confessores não solicitavam mulheres na confissão e só deviam “cuidar e fugir para elas os não perseguir e solicitar a eles”. O religioso ainda afirmou que as coisas não eram assim na Europa, “por viverem as mulheres com mais recato e não haver tanta solidão, nem escravos que no Brasil são a perdição das casas”.
O capelão padre Bento Ferreira foi outro religioso que passou das medidas. Assim que ouviu a confissão de Thereza Antônia, preta forra, em 1740, na vila de São João Del Rey, em Minas Gerais, ele lhe disse, antes de absolvê-la, que “lhe queria dar um bocado”, ou seja, ter com ela atos desonestos, na linguagem das negras da Colônia, como explica o próprio documento. Thereza assentiu, e o padre lhe pediu que passasse a noite com ele. A escrava disse que não podia, “mas que tornaria em outra ocasião”. Padre Bento então se levantou, sem lhe dar a absolvição, e foi rezar a missa. Depois da cerimônia, deu o certificado de desobriga a todos os presentes, menos a Thereza, que chamou à sacristia, levando consigo o tinteiro. A mulher pensou que iria receber a certidão, da qual necessitava para provar que estava desobrigada, mas, em vez disso, o confessor a incitou à cópula carnal, praticada ali mesmo.
A obrigatoriedade anual da confissão durante a Quaresma – determinada pelo IV Concílio de Latrão (1215) – permitia que o clero tivesse um controle constante sobre o comportamento de seu rebanho. Os fiéis também eram estimulados a se confessar pela necessidade de absolvição dos pecados para a salvação da alma. Ao profanar esse importante sacramento, a solicitação comprometia o sucesso do movimento reformador inspirado pelo Concílio de Trento. Era preciso, antes de tudo, fazer com que os padres do século XVIII abandonassem valores, hábitos e comportamentos que iam contra a moralização de costumes pregada até hoje pela Igreja, mas nem sempre praticada.

Lana Lage da Gama Lima éprofessora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro e autora da tese “A confissão pelo avesso: o crime de solicitação no Brasil Colonial” (USP, 1990).

Agora sim o GABARITO OFICIAL

quarta-feira, 20 de junho de 2012

1° ANO
1D 2A 3D 4C 5B 6C 7A 8C 9B 10B

2° ANO
ENFERMAGEM- 1E 2D 3B 4C 5E 6A 7D 8  9E 10
MEIO AMBIENTE E INFORMÁTICA 1E 2D 3B 4C 5E 6D 7A 8B 9B 10E

3° ANO
1D 2B 3C 4E 5C 6C 7A 8D 9B 10C

Realidade Brasileira - Mafalda, Política e a Humanidade.

terça-feira, 19 de junho de 2012

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Pirâmides do Egito em 360º

terça-feira, 12 de junho de 2012



Uso de recursos lúdicos marca as apresentações dos alunos da EEEP Santa Rita

terça-feira, 5 de junho de 2012

                       Momentos do evento
          No dia 31/05/2012 na quadra poliesportiva da EEEP Santa Rita,os alunos do 2° ano apresentaram diversos trabalhos sobre os principais personagens do renascimento cultural. Eles esbanjaram criatividade nas apresentações e fizeram uso de recursos lúdicos para que as mesmas ficassem mais atrativas, com o  uso do teatro, análise de imagens, jornais, experiências científicas, e muitos jogos desenvolvidos pelos alunos inclusive jogos online. É válido destacar que  todos os alunos  e professores do colégio puderam fazer uma visita aos stands. Os trabalhos ficaram sob a orientação do Professor de história Ivan Pontes Júnior.

"Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe." Leonardo da Vinci