Projetos da EEEP Santa Rita são destaques na VI Feira EStadual de Ciências

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

e
O Projeto Historiando com o lúdico II : U ma experiência coletiva na reconstrução da cultura de uma sociedade plural foi classificado em 1° lugar na categoria Ciências Humanas. As alunas Stephanie Lian e Gabrieli Rose juntamente com o professor Orientador Ivan Pontes Júnior ganharam um tablet e o crdenciamento para a MOSTRATEC que acontecerá em Novo Hamburgo-RS e partciparão do Encontro Internacional da RED Colombiana de Semilleros de Investigação, na Colômbia.
O   Projeto Conto Popular, história e formação de leitores II: das narrativas do cotidiano à produção literária, ficou em 3° lugar na categoria Linguagens e Códigos. As alunas Morganna Rangel, Sarah Yarina e o orientador Ivan Pontes Júnior ganharam crdenciamento para a feira   Ciência Jovem, em Recife-PE. O projeto também  ficou em 1° lugar em votação popular ganhando credenciamento para a  MILSET Brasil, em Fortaleza-CE.

Diversão a bordo

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Na época dos Descobrimentos, os padres embarcados eram responsáveis por apaziguar o ânimo dos marujos nas caravelas. Festas religiosas incluíam até os mal vistos jogos de azar
A tensão na rotina das caravelas era amenizada em algumas ocasiões especiais. Os padres embarcados se encarregavam de atuar como apaziguadores dos ânimos da tripulação, usando as comemorações religiosas para canalizar as atenções em prol da vida espiritual. As festas tinham a função de entrosar os participantes. Além disso, celebrar um dia santificado era uma tentativa de domar as forças da natureza, expressas nas calmarias e tempestades, uma busca de proteção contra as intempéries.
As missas eram rezadas, seguidas de procissão pelo apertado convés e uma festa com representação teatral, sempre com temas religiosos enaltecendo aspectos morais e cristãos. Os atores eram os próprios tripulantes. Quando havia comida disponível, um banquete era oferecido, dentro das limitadas opções de preparo de delícias. Tudo isso era acompanhado com danças e músicas.
Além destas festas, o divertimento a bordo estava restrito a jogos de azar, principalmente usando cartas. A prática era condenada pelos clérigos, mas tolerada e estimulada pelos oficiais, pois amenizava os conflitos e brigas entre os marujos.
 
Fábio Pestana Ramos é professor no Centro Universitário Monte Serrat e autor de Por mares nunca dantes navegados: a aventura dos descobrimentos(Contexto, 2008).

Grécia Antiga

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Este vídeo ajudará vocês na revisão dos conteúdos estudados.

Alunos da EEEP Santa Rita assistem o filme "O menino do pijama listrado"

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Enquanto isso na Politica...

Charge publicada No Diário do Nordeste - 25/10/2012.

Projeto Conto Popular, HIstória e Formação de Leitores é destaque em eventos científicos

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O projeto Conto Popular,História e Formação de leitores: Das narrativas do cotidiano à produção literária participou da Mostra de Ciências e Tecnologia realizado nos dias 04 e 05 de setembro na EEEP Santa Rita ficando em 1° lugar na categoria Linguagens, Códigos e suas tecnologias e 1° lugar geral do evento, ganhando credenciamento para o IV MOCINN que acontecerá em setembro de 2013 em Recife-PE.
O projeto também participou da XXI EXCETEC (Exposição de ciência e tecnologia do Colégio Christus) que aconteceu de 05 a 08 de setembro no Colégio Christus, ficando em 1° lugar na categoria Ciências sociais e de comportamento e credenciamento para a MOSTRATEC que acontecerá em 2013 em Novo Hamburgo-RS.
O projeto tem como alunas autoras :Sarah Yarina e Morganna Rangel e é orientado pelo professor José Ivan Pontes Júnior.

Conheça a origem da expressão "Comeu peba" usado na política maranguapense

sábado, 13 de outubro de 2012

                      Esse é um fato real que virou tradição na política maranguapense.
        O sr. Joaquim Tiburcio, cidadão moradanovense, radicado em Maranguape, resolveu candidatar-se a vereador na década de 30. Fez articulações com seus parentes e amigos para ser sufragado nas urnas. Bastante animado convidou aqueles que ele achava ser seus eleitores para um lauto almoço em sua residência,  o mesmo havia reservado alguns  pebas que seria o menu do almoço dos eleitores convidados.
          Ao fim do dia, quando as urnas foram abertas e os votos apurados, o Sr. Joaquim ansioso para ver sua votação ficou surpreso, pois o resultado foi decepcionante, somente um voto nas urnas , que foi o dele.
         Daí, em diante, todas as pessoas que não obteem  êxito  nas campanhas eleitorais, o maranguapense diz que essa pessoa comeu peba.
         Comer peba na linguagem do maranguapense significa, perder nas urna, nos pleitos eleitorais.     

Encontre na pintura algumas personalidades da história

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pintada pelos artistas chineses, Dai Dudu, Li Tiezi e  Zhang An. Pintura a óleo feita em 2006.

Esta pintura é verdadeiramente surpreendente.
Mais surpreendente ainda, por sua tela ter sido computadorizada. 
Clique no link abaixo

e uma versão maior da pintura aparecerá.
Passe o cursor do mouse por cima das pessoas e o programa te dirá quem é cada um deles. Se clicar sobre a pessoa, terá sua biografia e história.



Lobisomens na Corte: Família era motivo de chacotas por sofrer de doença rara

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Por sofrer de uma doença rara, a família Gonzales viveu entre nobres europeus no século 16 como a atração de um circo de bizarrices

Petrus Gonzales nasceu em 1537, nas ilhas Canárias. O menino era muito, muito peludo - tinha cabelo até na palma das mãos. A notícia logo chegou ao continente: as ilhas Canárias - que ficam no oceano Atlântico, a oeste do Marrocos - receberam esse nome pelo grande número de cães que lá foram encontrados na Antiguidade. Seria Petrus, então, uma espécie de menino-lobo?
Aos 10 anos, ele foi morar em Paris. Ninguém sabe ao certo quem deu o garoto "de presente" ao rei Henri II, conhecido por sua atração por coisas e pessoas exóticas. O fato é que sua majestade gostou do menino desde o início e garantiu que ele fosse educado como um membro privilegiado da corte. Petrus teve aulas de latim e boas maneiras, ganhou um emprego, casou-se e teve quatro filhos e três filhas, quase todos peludos como ele.

Ilustração baseada no quadro Retrato de Antonietta Gonzales, de cerca de 1590, de Lavínia Fontana. Nele, Antonietta segura anotações sobre como se tornou marquesa de Soragna.

A saga dessa família incomum na Europa renascentista é o tema de The Marvelous Hairy Girls: The Gonzales Sisters and Their Worlds (As Maravilhosas Meninas Peludas: As Irmãs Gonzales e Seus Mundos, sem tradução em português), da historiadora Merry Wiesner-Hanks. "Eu estava fazendo uma pesquisa sobre outro tema quando me deparei com a imagem de Antonietta (uma das filhas de Petrus). Não consegui esquecer aquele rosto peludo e infantil. Decidi, então, investigar a fundo a história da família Gonzales. A pintura que despertou minha curiosidade virou a capa do livro", conta Merry, que é professora de história na Universidade de Wisconsin-Milwaukee (EUA).
Em sua pesquisa, a historiadora encontrou citações sobre Petrus, sua mulher e seus filhos em cartas, certidões de batismo, obituários, livros e relatórios médicos e diplomáticos dos séculos 16 e 17.

Circo
Para Henri II, quanto mais bizarro, melhor. Em turnês que passavam por centenas de cidades e duravam anos, a corte francesa produzia espetáculos com figuras extraordinárias e seus feitos incríveis. Numa dessas viagens, em 1550, uma "vila brasileira" foi reproduzida com papagaios, árvores, macacos, ocas, redes e 50 índios de verdade. Nus, dançaram, cantaram e lançaram flechas de fogo, incendiando as ocas.
Apesar da presença de atrações inusitadas como essa, a chegada de Petrus causou alvoroço na corte francesa. A princípio, ninguém sabia o que fazer com o menino. Pensaram em mandá-lo para um zoológico. Outra opção seria treiná-lo para entreter o rei, como fizeram com um grupo de anões - nesse caso, a piada era vesti-los de monarca. Para a sorte do garoto, Henri II tinha outros planos. Mais que um humano com cara de cachorro, ele queria um humano com cara de cachorro que se comportasse como um nobre. Petrus foi nomeado assistente do carregador de pão do rei, cargo que exigia um treinamento protocolar. Uma caverna foi construída para o garoto num dos parques da realeza. "Diziam que a ideia era amenizar a saudade que Petrus sentia de casa, mas claro que estavam apenas criando sensacionalismo para impressionar os visitantes", afirma Merry.
O primeiro registro sobre sua chegada à Europa é uma carta do representante na corte francesa do duque de Ferrara, Giulio Alvarotto, a seu mestre: "O rei está com um menino, de cerca de 10 anos, nascido nas Índias, que tem o rosto completamente coberto de cabelos desde que nasceu, exatamente como as pinturas de homens selvagens das florestas. Os pelos têm cerca de cinco dedos de comprimento. São muito finos, o que torna possível ver todos os traços de seu rosto. O pelo é louro-claro e muito delicado e fino, como o de um antílope, e tem um cheiro bom. Ele fala espanhol e se veste como uma pessoa normal. Mas o pelo o deixou frustrado para o resto da vida. Aqueles que cuidavam dele o deram para nossa majestade".
Mais tarde, Gonzales virou secretário confidencial do rei, casou-se com uma mulher chamada Catherine e teve sete filhos. Um deles, Ercole, morreu muito cedo e nada se sabe sobre sua aparência. Entre os demais, apenas outro menino, Paulo, não era peludo. As três filhas, portanto, herdaram a condição do pai.
Entre 1580 e 1590, toda a família viajou em direção ao sul da Europa. Na Suíça, foram examinados pelo médico Felix Platter, que publicou um livro com observações sobre os Gonzales: "Em Paris, havia um homem excepcionalmente peludo em todo seu corpo, muito querido do rei Henri II e que fazia parte de sua corte. As sobrancelhas e o cabelo na testa eram tão longos que ele tinha que puxá-los para poder enxergar".
Em Parma, na Itália, os Gonzales caíram nas graças da família mais influente da cidade, os Farneses, que tinha papas, cardeais e generais entre seus membros. O duque Ranuccio Farnese deu um dos meninos de presente a seu irmão, o cardeal Odoardo. Enrico, já com 18 anos, posou por ordem do cardeal para o pintor Agostino Carracci. O quadro Enrico, o Cabeludo entrou para a coleção de "animais" do cardeal. Além dele, estavam na coleção Pietro, o Bobo, Amon, o Anão, dois cachorros, dois macacos e um papagaio. Antonietta foi dada de presente à marquesa de Soragna, Isabella Pallavicina. Tratada como animal de estimação, a menina era sempre levada a festas por sua "dona".
Os Gonzales eram constantemente examinados por médicos e tiveram seus retratos pintados diversas vezes. Apesar dos bons modos e dos belos vestidos de brocado que usavam, Maddalena, Francesca e Antonietta eram descritas como cabeludas, selvagens, monstros, bestas ou aberrações. Francesca morreu criança. Maddalena foi a única que se casou.
No século 16, eram comuns os casamentos arranjados. Paulo, Orazio e Enrico (quatro vezes) também se casaram. As esposas eram sempre meninas de famílias pobres. No caso de Maddalena, a história foi diferente. Ela vivia em Parma, sob a guarda do duque Farnese, e também não tinha bens. Para torná-la mais atraente, o duque deu a ela um belo dote: uma casa na cidade (era costume a família da noiva oferecer bens ou dinheiro ao noivo). Escolhido pelo próprio duque, o marido se chamava Giovan Maria Avinato e cuidava dos cães de caça dos Farneses. A autora levanta a questão: "Será que Ranuccio e Odoardo Farnese escolheram um homem com essa ocupação para ser marido de Maddalena, a Cabeluda, porque eles acharam adequado ou porque acharam divertido?"
Enrico, Paulo, Orazio e Maddalena tiveram filhos. Há registros de que pelo menos dois netos de Petrus e Catherine Gonzales nasceram peludos também. Nenhuma pintura foi feita. "Aos poucos, a herança genética desapareceu", diz Merry.

Mutação genética rara
 

A doença dos Gonzales é conhecida como hipertricose congênita, ou síndrome de Ambras. É causada por mutação genética e não tem cura. Petrus foi o primeiro caso registrado. Hoje há cerca de 100. O mais recente é o da tailandesa Supatra Sasuphan, 11 anos, que entrou para o Guinness como a menina mais cabeluda do mundo. Sem antecedentes na família, Supatra tentou resolver o problema com depilação a laser. Mas os pelos cresceram de novo.

Saiba mais
Livro

• The Marvelous Hairy Girls: The Gonzales Sisters and Their Worlds, Merry Wiesner-Hanks, Yale University Press, 2009, R$ 68,70

 

Charge do mês

sexta-feira, 17 de agosto de 2012


De Caminha a Cachoeira

Descubra as conexões de Caminha a Cachoeira

Pero Vaz de Caminha
Autor da Carta do Descobrimento do Brasil, herdou do pai o título de cavaleiro e o cargo de escrivão, que iria exercer na Índia - destino final da viagem de Pedro Álvares Cabral, que no caminho encontrou o Brasil. Caminha morreu logo após chegar à Índia. Mas a expedição foi um passo decisivo para o...

Colonialismo
Portugal foi o primeiro país europeu a estabelecer colônias na Ásia e África, às vezes por acordos pacíficos, outras por meio da violência. Espanha, Holanda, Inglaterra, França e Bélgica também exerceram o colonialismo, que explorou os países do chamado Novo Mundo. Mas também levou à invenção dos...

Zoológicos
Nobres europeus colecionavam animais desde a Idade Média. Mas o colonialismo gerou uma febre por novos bichos, e o primeiro zoológico moderno foi aberto na Áustria em 1779. Caiu no gosto do povo e se espalhou pelo mundo. O Zoológico do Rio surgiu em 1888, e teria como conse-quência a criação do...

Jogo do Bicho
Em 1889, com a proclamação da República, o Estado parou de financiar o zoológico - que em 1892 criou uma loteria para se sustentar. O jogo do bicho acabou proibido em 1941, junto com os cassinos. Mas não adiantou. Ele sobreviveu de forma ilegal, movendo um novo setor do crime organizado. Que inclui...

Carlinhos Cachoeira
Depois de fazer fortuna com o jogo do bicho, Cachoeira se envolveu em vários escândalos políticos. Acabou sendo preso, mas a cada semana aparecem mais políticos envolvidos com ele. Como Caminha, Cachoeira tem muitos contatos e é bastante falante - mas parece não ter um grande futuro.

Autópsia da razão

terça-feira, 17 de julho de 2012


'Método perigoso' narra caso de amor entre o psicólogo Carl Gustav Jung e sua paciente Sabina Spielrein, além de discutir os primórdios da psicanálise na Europa

Bruno Garcia
Um Método Perigoso fala de tudo, menos de método. O filme tem romance, traição, perversões e algumas paisagens bucólicas.  Conhecido pelas abordagens psicológicas, o diretor canadense David Cronenberg explora a célebre história do envolvimento entre Carl Gustav Jung, principal discípulo de Freud, e Sabina Spielrein, a primeira paciente em quem ele aplicou o método psicanalítico.
A história é real e já foi contada anteriormente emJornada da Alma (2003), de Roberto Faenza, e na peça The Talking Cure , de Christopher Hamptom, que também assina o roteiro do filme. Mas, diferente da película de 2003, que funciona como uma cine biografia de Sabina, o longa-metragem de Cronenberg se concentra na figura de Jung, em suas dúvidas e questões morais.
Foi na virada do século XIX para o XX que o otimismo cândido sobre a grandeza moral da humanidade começou a ser decisivamente contestado. A visão iluminista que julgava o comportamento humano como determinado única e exclusivamente pela razão foi questionado pela raiz. Artistas, pensadores, cientistas e escritores se juntaram cada um na sua área para praguejar contra os excessos do realismo objetivo do XIX.
Entre essas críticas estavam às descobertas de Freud, que qualificavam os seres humanos como movidos, não pela razão instrumental objetiva, mas por impulsos inconscientes. O nascimento da psicanálise pôs um freio nas projeções ortodoxas de um progresso incomensurável e alertou para existência de uma natureza humana subterrânea, muito mais obscura, marcada por visões de desejos e perversões quase sempre inconfessáveis.  

Ajoelhou, tem que rezar!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Gravura de Washt Rodrigues. No momento da confissão alguns padres aproveitavam para abusar sexualmente das mulheres

Nos séculos XVII e XVIII, muitos padres aproveitavam o momento da confissão para assediar sexualmente as mulheres

Não foi para fazer uma simples visita que Antonio Francisco de Barros procurou Manoel Martins de Carvalho, um representante da Inquisição portuguesana Capitania de Goiás, em outubro de 1791. Mais do que isso, ele queria denunciar o padre José Correia de Queirós ao comissário do Santo Ofício por ter “solicitado” sua filha durante a desobriga da Quaresma – nesse período, isto é, nos quarenta dias entre a quarta-feira de Cinzas e o domingo de Páscoa, todos os católicos deviam cumprir a obrigação de se confessar. “Resistindo-lhe a penitente”, explicava Barros, “ele a quis violentar, com desordenado e furioso ímpeto de que resultou grande escândalo às pessoas que o presenciaram”. Os dois ficaram a sós num cômodo da casa de Antonio, e, ao ouvir os gritos de Maria Francisca, as pessoas a acudiram e encontraram o confessor “atracado na moça com tão cega fúria que lhe rasgou a saia”.
Uma das formas de violência sexual às quais as mulheres estavam submetidas no Brasil colonial era a investida de padres, que aproveitavam o momento em que ouviam suas confissões para assediá-las, especialmente quando as penitentes revelavam os chamados “pecados da carne”. Como eram delitos cometidos somente por padres, essas práticas – denominadassolicitatio ad turpia ou, simplesmente, solicitação – nunca foram julgadas pela Justiça comum, e sim pela Justiça Eclesiástica, tendo passado, em 1599, ao foro inquisitorial.
Pordesqualificar um dos principais instrumentos da Reforma Católica, a confissão anual obrigatória, esse delito causava grande preocupação. O fato de os párocos se valerem de seu poder para saciar seus desejos lascivos comprometia o sucesso do movimento reformador inspirado pelo Concílio de Trento (1545-1563). Na primeira metade do século XVIII, os bispos brasileiros se empenharam em implantar a reforma intelectual e moral do clero, determinada pelo Concílio, que finalmente chegava às terras coloniais.
Entre as medidas adotadas pelo episcopado para disciplinar o clero colonial estavam o controle sobre quem deveria ou não ser ordenado padre; a instituição de preleções para moralizar o clero (Conferências de Moral); o controle rigoroso sobre quem rezava missas e ouvia confissões; a criação de seminários; visitas às dioceses para identificar pecados de padres e de fiéis; e a perseguição aos solicitantes – cujo julgamento estava a cargo da Inquisição portuguesa, por meio do Tribunal de Lisboa. De acordo com a documentação inquisitorial guardada no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, 503 mulheres denunciaram 425 padres por solicitação no Brasil, entre 1610 e 1810. Das 288 denúncias cujas datas foram determinadas, 216 (75%) ocorreram entre 1730 e 1760, período em que o episcopado realizou várias ações reformadoras. Em 228 delas, fica clara a intervenção de outros confessores, que perguntam às mulheres se houve assédio e as obrigam a denunciar os padres que cometeram o delito. Mas apenas 14 denúncias foram redigidas pelas solicitadas, pois, como a maioria das mulheres era analfabeta, muitos padres escreviam as denúncias para os Comissários do Santo Ofício.
As penas estabelecidas para os padres, de acordo com o Regimento de 1640, eram a abjuração – o reconhecimento do erro –, a suspensão da ordenação por cerca de oito anos, o degredo para fora do bispado onde o delito fora praticado e um ou dois anos de prisão com obrigação de assistir a preleções e estudar a doutrina católica, além de jejuns e penitências.
Pela quantidade de padres denunciados – que provavelmente não chegava nem perto do número dos que efetivamente cometeram o delito –, nota-se que a ameaça de punição não bastou para coibir a solicitação. Muitas vezes, as mulheres eram responsabilizadas pelo desvio de conduta dos párocos, transformados em vítimas da tentação feminina. Os solicitantes, para se defender, se valiam de representações da mulher derivadas de um modelo estabelecido pelo cristianismo: elas só podiam ser Marias ou Evas, santas ou pecadoras. Esse modelo, além de servir para classificar as mulheres, justificava as agressões àquelas que eram acusadas de falta de pudor, de virtude ou de modéstia, identificadas com Eva.
No caso do padre José Correia de Queirós, um ano depois de ter sido acusado, ele escreveu uma carta ao mesmo Comissário que recebera a denúncia, dando a sua versão dos fatos. Ele contou que fora desobrigar na casa de Antônio Francisco de Barros – porque ele morava longe –, e que lá “se achava uma mulher casada a qual vivia com bastante lassidão nos costumes contra a castidade”. Assim, “pela fragilidade humana, e com alguma inadvertência”, cometeu a “ação desonesta” de tocar em suas “partes pudendas”. Ao cair em si, ele admitiu ter sofrido um “sumo pesar”, e só demorou a se confessar diante do Santo Ofício por viver em um lugar distante e se encontrar enfermo.
O problema é que o modelo de comportamento feminino ideal, representado por Maria, era incompatível com a vida cotidiana daquelas que trabalhavam para sobreviver, sem a tutela masculina. Só poderia ser aplicado às mulheres abastadas, que viviam reclusas em suas propriedades e dependiam de seus pais ou maridos.Esse padrão de identidade feminina, vindo da Europa, tornou-se mais complexo na Colônia, pelo peso que a etnia adquiria numa sociedade em que havia a escravização de índios e africanos. Índias, negras e outras mulheres pobres eram alvos fáceis para as investidas dos solicitantes, embora as de melhor condição social não estivessem totalmente imunes.
Outro exemplo aconteceu com a parda forra Ana Maria dos Serafins. O confessor não mediu palavras para tentar obter o que queria, mas ela repeliu as insinuações do padre Bento de Souza Alvares alegando que viera “lavar-se dos seus pecados dos quais se arrependia”. O vigário insistiu para que Ana Maria “deixasse o arrependimento para a hora da morte”, pois “tinha maiores culpas”, e “se animou a querer-lhe levantar a saia”, aproveitando o fato de a igreja estar vazia. Desvencilhando-se, a mulher fugiu para a rua. O padre a seguiu, tornou a pegá-la, e tentou levantar sua saia enquanto ambos desciam a ladeira do Convento de São Francisco do Rio de Janeiro, no qual ficava a Capela dos terceiros, onde Ana Maria fora se confessar.
Os casos de abusos são incontáveis. Frei Euzébio Xavier de Gouveia chegou a dizer à escrava negra Joana que tanto fazia “casar donzela quanto já corrupta”, enquanto agarrava seus seios. Na Bahia, o padre Pedro da Silva costumava perguntar às penitentes se elas tinham “vaso grande ou pequeno”. Já idoso, ele foi descrito por uma das solicitadas como sendo cego e desdentado. Por não ter acesso fácil às mulheres, ele se saciava, perversamente, fazendo-lhes perguntas constrangedoras.
Quando se apresentou ao comissário do Santo Ofício de Pernambuco, em 1760, para confessar o abuso de seis mulheres, o padre José Pereira Afonso se explicou dizendo que os confessores não solicitavam mulheres na confissão e só deviam “cuidar e fugir para elas os não perseguir e solicitar a eles”. O religioso ainda afirmou que as coisas não eram assim na Europa, “por viverem as mulheres com mais recato e não haver tanta solidão, nem escravos que no Brasil são a perdição das casas”.
O capelão padre Bento Ferreira foi outro religioso que passou das medidas. Assim que ouviu a confissão de Thereza Antônia, preta forra, em 1740, na vila de São João Del Rey, em Minas Gerais, ele lhe disse, antes de absolvê-la, que “lhe queria dar um bocado”, ou seja, ter com ela atos desonestos, na linguagem das negras da Colônia, como explica o próprio documento. Thereza assentiu, e o padre lhe pediu que passasse a noite com ele. A escrava disse que não podia, “mas que tornaria em outra ocasião”. Padre Bento então se levantou, sem lhe dar a absolvição, e foi rezar a missa. Depois da cerimônia, deu o certificado de desobriga a todos os presentes, menos a Thereza, que chamou à sacristia, levando consigo o tinteiro. A mulher pensou que iria receber a certidão, da qual necessitava para provar que estava desobrigada, mas, em vez disso, o confessor a incitou à cópula carnal, praticada ali mesmo.
A obrigatoriedade anual da confissão durante a Quaresma – determinada pelo IV Concílio de Latrão (1215) – permitia que o clero tivesse um controle constante sobre o comportamento de seu rebanho. Os fiéis também eram estimulados a se confessar pela necessidade de absolvição dos pecados para a salvação da alma. Ao profanar esse importante sacramento, a solicitação comprometia o sucesso do movimento reformador inspirado pelo Concílio de Trento. Era preciso, antes de tudo, fazer com que os padres do século XVIII abandonassem valores, hábitos e comportamentos que iam contra a moralização de costumes pregada até hoje pela Igreja, mas nem sempre praticada.

Lana Lage da Gama Lima éprofessora da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro e autora da tese “A confissão pelo avesso: o crime de solicitação no Brasil Colonial” (USP, 1990).

Agora sim o GABARITO OFICIAL

quarta-feira, 20 de junho de 2012

1° ANO
1D 2A 3D 4C 5B 6C 7A 8C 9B 10B

2° ANO
ENFERMAGEM- 1E 2D 3B 4C 5E 6A 7D 8  9E 10
MEIO AMBIENTE E INFORMÁTICA 1E 2D 3B 4C 5E 6D 7A 8B 9B 10E

3° ANO
1D 2B 3C 4E 5C 6C 7A 8D 9B 10C

Realidade Brasileira - Mafalda, Política e a Humanidade.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Agora é só comentar...

Pirâmides do Egito em 360º

terça-feira, 12 de junho de 2012



Uso de recursos lúdicos marca as apresentações dos alunos da EEEP Santa Rita

terça-feira, 5 de junho de 2012

                       Momentos do evento
          No dia 31/05/2012 na quadra poliesportiva da EEEP Santa Rita,os alunos do 2° ano apresentaram diversos trabalhos sobre os principais personagens do renascimento cultural. Eles esbanjaram criatividade nas apresentações e fizeram uso de recursos lúdicos para que as mesmas ficassem mais atrativas, com o  uso do teatro, análise de imagens, jornais, experiências científicas, e muitos jogos desenvolvidos pelos alunos inclusive jogos online. É válido destacar que  todos os alunos  e professores do colégio puderam fazer uma visita aos stands. Os trabalhos ficaram sob a orientação do Professor de história Ivan Pontes Júnior.

"Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe." Leonardo da Vinci

Estão abertas as inscrições para a 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil

O Museu Exploratório de Ciências – Unicamp convoca estudantes e professores de todo o país a participarem da 4ª Olimpíada Nacional em História do Brasil. As inscrições estão abertas e podem ser realizadas pelo site até dia 10 de agosto.
A Olimpíada Nacional em História do Brasil é uma iniciativa única na área de ciências humanas em todo o Brasil. Em 2011, a Olimpíada contou com mais de 65 mil inscritos, com representantes de todos os estados do território nacional.
Composta por cinco fases online e uma presencial, a competição envolve professores de história e alunos do oitavo e nono anos do Ensino Fundamental e das séries do Ensino Médio em um trabalho coletivo de estudar não apenas o conteúdo das questões propostas, mas de desenvolver um olhar crítico para a história. Dessa forma, é valorizado o processo de aprendizagem e construção do conhecimento. O contato direto com documentos históricos permite aos participantes trabalharem como historiadores, à medida que processam as informações exigidas nas respostas das questões em cada fase.
Este ano, a primeira fase terá início em 20 de agosto e a fase final presencial acontecerá nos dias 20 e 21 de outubro, na Universidade Estadual de Campinas.
O Museu Exploratório de Ciências custeará as passagens de avião de 37 equipes para participarem da final, selecionadas de acordo com sua pontuação nas fases online. Serão selecionadas: para cada estado da federação, a equipe com maior pontuação; a equipe de escola pública com maior pontuação em cada uma das cinco regiões do país (norte, nordeste, sudeste, sul e centro-oeste) e as cinco equipes de escola pública com maior pontuação, independente da região.
Os professores responsáveis por essas equipes serão convidados a permanecer na Unicamp para realizar um curso de capacitação de uma semana, com custos de hospedagem cobertos também pelo Museu, após a final da Olimpíada.
A Olimpíada premiará escolas, alunos e professores, com 60 medalhas de ouro, 100 de prata e 140 de bronze, além de certificados de participação para todos os inscritos e todas as escolas participantes.

Maiores informações procurar o Professor Ivan.
Monte  sua equipe e  participe!  

FRASE DO MÊS

sexta-feira, 18 de maio de 2012

"No Brasil, todo governo deveria ser de oposição." Joel Silveira

Projeto Historiando com o lúdico II desenvolve ações

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Exposição de revistas
Ontem 09/05/2012, aconteceu a I exposição de revistas da Biblioteca Nacional de História na EEEP Santa Rita. A ação foi  realizada pelo "Projeto Historiando com o lúdico II: Uma experiência coletiva na reconstrução da cultura  de uma sociedade plural". Foram expostas 28 edições da revista, onde os alunos podiam fazer empréstimos. Em menos de 1h todas as revistas foram locadas. Durante a semana o projeto desenvolveu várias ações como aplicação de questionários com alunos dos primeiros anos, seminários sobre os regimes totalitários no Brasil e no mundo e a análise de imagens do período renascentitas. As ações foram orientadas pelo professor de história Ivan Pontes Júnior.
Análise de imagens do período renascentista

Aluna se inspira em temas históricos para compor poemas

A aluna Brana Kessy do 2° ano do curso de Meio Ambiente, vem se destacando nos trabalhos de história por escrever poemas. Confira uma de suas produções:
PERSEU E A CABEÇA DE MEDUSA
Danai  era uma princesa
Filha de Acrísio o rei de Argos
Numa bela manhã de sol
O rei resolve ir ao oráculo.
 
Quando o rei chega ao oráculo
Por ele logo é alertado
Que se danai gerasse um filho
Por seu neto seria assassinado.
 
O rei atemorizado
Coloca  danai numa torre de bronze
Para que a pobre menina
Não tivesse contato com  homens.
 
Toda a proteção  do rei
Então não funcionou
E durante uma chuva de ouro
Jupter a fecundou.
 
Como as leis não  foram cumpridas
Danai e seu filho Perseu o rei resolve expulsar
E os dois juntos numa arca
São levados pelo mar.
 
Chegando a ilha de serifos
Por um pescador são acolhidos
Que com toda a sua bondade
Os da comida e abrigo.
 
Quando se mostram recuperados
O  pescador os leva para
Ao rei os apresentar
Polidectes os da atenção e uma casa para morar.
 
Perseu  então cresce e se torna
E se torna um jovem forte bonito e esbelto
E  que protege a sua mãe
Dos assédios do rei Polidectes.
 
O  rei oferece um banquete
E  vários súditos são convidados
Que  como forma de agradecimento
Lhe oferecem vários cavalos.
 
Mas Perseu muito orgulhoso
Quer mostra sua bravura
E oferece a Polidectes
A cabeça de medusa.
 
O rei aceita a oferta
E  quer se aproveitar da situação
Vai tentar ficar com  danai
Enquanto Perseu estiver na missão.
 
Medusa é uma das três Gorgonas
E  era uma das mais belas
Foi transformada em serpente
Após provocar a deusa  minerva.
 
Após  se tornar a criatura horrenda
Numa caverna foi se refugiar
E   então convertesse  em pedra
Todo aquele que para ela olhar.
 
Hermes deus da inteligência
Atena  deusa da comunicação
São espíritos tutelares que
A Perseu ajudarão.
 
Atena lhe dá um escudo
E por ela Perseu é aconselhado
A não olhar para Medusa
Pois seria petrificado.
 
Ao chegar na caverna
Perseu encontra as irmãs de Medusa
Que possuíam um único globo ocular
Que servia de olho pras duas.
 
Em cima dessa vantagem Perseu se aproveita da situação
Arranca com a sua espada aquele grande e único olhão
E arranca suas cabeças
Que logo  logo vão ao chão.
 
Perseu muito cansado
Continua a sua jornada
E  escuta a voz de medusa
Que na caverna sussurrava.
 
 
Maldito pela morte de minhas irmãs
Muito  caro ira pagar
E como todos os outros
Você  então morrerá .
 
Perseu cego tonteado no escuro
Lembrou-se do conselho de Atena
Mire apenas no reflexo do escudo
Antes de a enfrentar.
 
Quando sua cabeça aparece no escudo
Perseu a corta sem errar o alvo
Depois  a ensaca
E vai embora a cavalo.
 
Quando o herói chega em Serifos
Polidectes  quer  atacá-lo
Mas Perseu mostra a cabeça de medusa
E ele é petrificado.
 
Com a morte de Polidectes
Perseu e sua mãe estão libertados
Agora nada os impede
De voltar ao país de Argos.
 
Perseu resolve participar de uns jogos de discos em Argos
O impulso do disco é tão forte que na plateia seu avô é acertado
E sem querer Acrísio é assassinado
E assim se cumpriu a profecia do oráculo.
 
 

Como a vodca criou a União Soviética

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Ela se tornou o destilado mais popular do mundo. Mas, bem antes disso, derrubou o czarismo, foi arma política de Stálin e deflagrou o fim do socialismo na Rússia. Tudo sem nunca deixar de ser o orgulho - e a vergonha - de toda a nação.

por Felipe Van Deursen

O líder mongol Tokhtamich não acreditou no que estava vendo. Seus homens conseguiram sitiar Moscou, mas a cidade ainda não havia sucumbido. O descuido dos inimigos moscovitas o surpreendeu. "Alguns rezavam, enquanto outros pegavam hidromel dos depósitos dos boiardos e começavam a beber. Bêbados, ficaram ousados e subiram nas muralhas", anotou. No alto dos muros, começaram a xingar os oponentes tártaros. Ficaram dois dias assim. Bebendo e ofendendo. Até que, totalmente desnorteados, trôpegos e entorpecidos pelo álcool, acharam que a batalha cessara e abriram os portões, enganados pelos inimigos à espreita. Os mongóis saquearam e devastaram Moscou naquela noite de 23 de agosto de 1382. O próprio Tokhtamich atribuiu a vitória à bebedeira. Os russos tombaram, humilhados. A cidade foi queimada e milhares morreram.

Quase 7 séculos mais tarde, em 2011, o presidente Dmitri Medvedev anunciou um plano para quadruplicar a taxação sobre a vodca no país. O objetivo é não só aumentar a arrecadação de impostos sobre o produto como também combater o velho mal do alcoolismo na Rússia, onde a expectativa de vida é de 65,5 anos - menor até que a do pobre vizinho Cazaquistão.

Não é nem de longe a primeira vez que o governo se mete com o álcool. A vodca já foi monopólio estatal antes mesmo do socialismo. Acelerou a queda dos czares. Escancarou a fragilidade do Partido Comunista da União Soviética. Não importava se quem estava no comando era uma família real ostentadora ou um punhado de burocratas corruptos. Havia vodca na mesa. No trabalho. Nas manhãs congelantes. Quem ousou se meter com esse misto de orgulho e vício nacionais dificilmente passou incólume.
PRIMÓRDIOS BÊBADOS

A vodca é uma bebida de centeio, batata ou trigo que surgiu no final do século 15 com a popularização da tecnologia de destilar, ou seja, separar líquidos por meio da evaporação. A palavra "vodca", que evoca no imaginário algo forte, devastador, tem um significado quase irônico em russo: "aguinha". Mas o termo só se firmou no fim do século 19. Até então, tinha muitos nomes, como vinho de centeio e, atenção para a poesia, lágrima de cereal. Nessa época, ela já havia substituído havia muito tempo no coração e no fígado dos russos o hidromel, a antiga bebida fermentada que levou à derrota frente aos mongóis.

Em 1478, a Rússia, que começava a nascer como estado nacional, tirou o domínio da vodca da Igreja e criou um rentável monopólio sobre o produto. Até as tavernas pertenciam ao czar. No fim da década de 1850, 46% do orçamento do governo vinha da bebida. Esse era o Império Russo, um lugar onde a vodca dava mais dinheiro para o governo do que trens e ferrovias, o símbolo máximo da modernidade no século 19.

A época foi marcada também pelas mudanças implementadas no reinado de Alexandre II. Dois anos antes de Abraham Lincoln acabar com a escravidão nos Estados Unidos, ele libertou os 22,5 milhões de servos russos, em 1861. O czar lançou políticas econômicas mais progressistas e a indústria cresceu. A produção de vodca não estava nas mãos do Estado, mas da nobreza. Esse contexto favoreceu o fortalecimento dos primeiros grandes industriais do álcool, segundo a jornalista americana Linda Himelstein no livro O Rei da Vodca. O mais famoso deles era o ex-servo Piotr Smirnov, criador daquele que é hoje o destilado mais conhecido e consumido do mundo, a vodca Smirnoff.

A bebida já estava estabelecida no cotidiano dos russos. Pedro, o Grande, instituiu o gole punitivo em seu reinado (1682-1725), passatempo em que os atrasados a uma reunião eram supostamente forçados a entornar uma caneca de vodca. Àquela altura, os russos bebiam em negociações. Bebiam na colheita. Na falta de dinheiro, pagavam em bebida. Subornavam em bebida. A mulher entrou em trabalho de parto? Dê-lhe vodca. O recém-nascido não para de chorar? Vodca goela abaixo que é para acalmar. E o governo estimulava isso. Mesmo com o monopólio desativado desde o século 18, os impostos sobre o produto rendiam muito aos cofres públicos. Um terço das despesas estatais, incluindo todos os gastos militares em tempos de paz, era pago com o dinheiro da vodca.

Mas ela não era querida por todos. Pelo contrário. Além da Igreja, que desde que perdera o direito de produção tornara-se uma ferrenha opositora do álcool, havia grupos cada vez mais barulhentos que se levantavam contra os males causados pela bebida. O movimento da temperança crescia no fim do século 19 a fim de combater a já mundialmente notória embriaguez russa.


LEI SECA

"A vodca é uma bebida incolor que pinta seu nariz de vermelho e enegrece sua reputação." A frase é de Anton Tchekhov, um dos maiores autores russos de todos os tempos. Outro gênio da literatura fazia coro à oposição pública de Tchekhov à bebida. Filho de um alcoólatra, Fiódor Dostoievski escreveu que "o consumo de bebidas alcoólicas brutaliza o homem e o transforma em um selvagem". O outrora bêbado contumaz Leon Tolstoi escreveu sobre os malefícios do álcool e criou, em 1887, a Liga Contra a Embriaguez. Com o apoio de artistas desse porte, movimentos de temperança ganhavam força na sociedade, especialmente após a morte de Alexandre II, em 1881. Seu filho e sucessor, Alexandre III, não era tão liberal e não podia ignorar a crise do alcoolismo. Ele sancionou novas leis, como uma de 1885 que dizia que as tavernas só poderiam vender bebidas alcoólicas se também servissem comida. Alexandre III morreu de pneumonia em 1894, e seu filho Nicolau II deu passos mais largos rumo à centralização do comércio alcoólico. Em 1895, com o intuito de controlar a qualidade e a quantidade de álcool no mercado, restituiu o monopólio, o que, em um primeiro momento, rendeu bons frutos tanto para a saúde do povo como para os cofres públicos.

Mas no século 20 a situação se complicou para a família real. O país perdera a Guerra Russo-Japonesa, em 1905, ano em que uma série de rebeliões se espalhou pelo território. E o estigma da vodca não havia diminuído. Mais uma vez, a bebida atrapalhou o desempenho. Generais japoneses reconheceram que algumas vitórias ocorreram graças ao porre dos soldados russos. A posição do governo sobre o assunto gerava controvérsia. Havia campanhas pela sobriedade, mas, como a vodca era a principal fonte de renda do governo, na prática o consumo era estimulado. A pressão aumentou ano a ano. O país estava em crise, e Nicolau II, desacreditado. Mas, com a Primeira Guerra Mundial, em 1914, o povo voltou a se unir e apoiar o czar, que achava que a sobriedade era de suma importância no conflito. Para mobilizar a população, ele decretou a lei seca, a primeira do gênero na história. O czar queria livrar a Rússia do vício. E parecia que podia conseguir. "A população saiu da inércia bêbada para a sobriedade da noite para o dia", registrou o jornal americano The New York Times na época.

Os soldados ficaram prontos para a guerra na metade do tempo previsto. A embriaguez pública era algo raro. A criminalidade caiu. "Não se pode escrever sobre a mobilização russa ou o rejuvenescimento do império sem falar da proibição da vodca", disse o jornal inglês Times em 1915. "De um só golpe, libertou-se da maldição que paralisou a vida dos camponeses por gerações. Isso em si não é nada menos que uma revolução."

Entretanto, a proibição teve consequências nefastas. Os soldados estavam despreparados, havia poucos suprimentos. "A lei seca significou que o Estado perdeu um terço do orçamento, resultando em falta de botas e fuzis [no front]", lembra Patricia Herlihy, historiadora da universidade Brown, nos EUA, e autora de The Alcoholic Empire (inédito em português). Para tentar acelerar a economia, o governo imprimiu mais dinheiro, o que causou hiperinflação e mais descontentamento. "A defasada infraestrutura ferroviária dificultou o transporte de grãos para o norte. A produção de samogon, uma vodca ilícita [e muito mais prejudicial à saúde], cresceu. A falta de pão em São Petersburgo [Petrogrado à época] desencadeou a rebelião de mulheres, que tiveram apoio de soldados e estudantes para pedir a abdicação de Nicolau II", diz. Somem-se a isso um frio de -40 ºC no inverno e anos de descontentamento. "Há relação entre a proibição e a queda do czarismo", afirma. O cientista político americano Mark Schrad, autor de The Political Power of Bad Ideas (inédito em português), concorda. "Os tesouros mais cobiçados do Palácio de Inverno não eram os quadros na parede, mas as adegas imperiais", diz. A era dos czares acabou em 1917. "O quebrado governo bolchevique cogitou vender o estoque de vodca no estrangeiro, mas optou por destruí-lo para evitar insurreições bêbadas", diz Schrad. A vodca tinha criado um vício econômico que ajudou a derrubar o regime czarista. Mas o estigma social perdurava.


CONTRARREVOLUÇÃO

Os líderes da Revolução Russa condenavam o álcool e mantiveram a lei seca. Produção e venda ilegais de vodca eram crimes graves. Mas, em 1924, o estado soviético retomou a produção, dando início a uma nova era de monopólio. Na década de 1930, o líder soviético Josef Stálin mudou a postura antiálcool com objetivos políticos. Aumentou a produção e permitiu um consumo maior na camada da sociedade mais crítica a ele: artistas, jornalistas, arquitetos e outros profissionais liberais. "Com a ajuda do álcool, tentavam cortar a língua de críticos em potencial", escreveu o historiador russo W. V. Pokhlióbkin no livro Uma História da Vodca.

O governo conseguiu razoavelmente controlar o mal do alcoolismo nos primeiros anos do regime soviético. Mas aí veio a Segunda Guerra Mundial.

Em 1943, após a vitória sobre os nazistas na batalha de Stalingrado, o Exército Vermelho passou a dar uma ração diária de vodca aos soldados. No começo, quem não bebia podia optar por chocolate, mas em 1945 o hábito de beber voltou a ser tão comum entre as tropas que recusar a dose podia ser visto como insubordinação. "Toda a população masculina ativa da União Soviética estava no Exército", lembra Pokhlióbkin. Assim, o hábito de beber costumeiramente voltou com tudo. "Em meados da década de 1960, a embriaguez no serviço se tornou um fenômeno cotidiano", escreveu.

DÉJÀ VU

Uma das primeiras medidas de Mikhail Gorbachev quando assumiu o poder, em 1985, foi lançar uma forte campanha antiálcool. O problema, segundo os críticos, é que a medida mirou a produção de vodca, e não a questão de saúde pública. Fazendas foram dissolvidas e destilarias, quebradas. Mas a vodca ainda era monopólio estatal. Se há campanha contra a produção e o consumo, a renda do produto na forma de impostos, responsável por um quarto do orçamento, cai. Foi o que aconteceu. Novo fracasso contra o álcool. A produção de samogon voltou a crescer, detonando a saúde da população. "Na mesma época, o preço de outro produto-chave dos soviéticos entrou em colapso: o do petróleo", diz Schrad. Assim como 70 anos antes, imprimiram mais dinheiro, geraram uma nova superinflação e aceleraram o fim da URSS.

Hoje a vodca não tem um papel tão central na economia do país, representando de 2 a 5% do orçamento. "Além disso, na atual campanha antiálcool de Medvedev, parece que os russos aprenderam que práticas culturais não podem mudar simplesmente com medidas de choque", opina Schrad. "A classe média tem trocado vodca por vinho", diz Herlihy. "Algumas atitudes estão mudando. Mas aumentar o preço não resolve o problema. Só vai fazer com que as pessoas voltem ao samogon ou a qualquer coisa com álcool, como fluido de refrigerador."

O monopólio sobreviveu ao fim da URSS. Boris Yeltsin tentou, mas não conseguiu, acabar com ele. Nem a Rússia nem o presidente venceram a dependência do álcool. As bebedeiras de Yeltsin, morto em 2007, eram tão famosas que seu antigo chefe de segurança precisou negar uma afirmação feita em 2009 pelo ex-presidente americano Bill Clinton. Segundo Clinton, em 1995, Yeltsin, em visita oficial a Washington, foi visto de madrugada na rua, próximo à Casa Branca. Ele procurava por pizza. De cueca. Bêbado.

Por que os índios não têm barba?

sexta-feira, 20 de abril de 2012


Calma lá! Os índios têm pelos na cara, sim. Tá certo que são poucos, mas é possível encontrar índios de algumas tribos com bigodes e, mais raramente, alguns que usam barba. É o caso dos guatós, que vivem no Pantanal, no Mato Grosso do Sul, e hoje estão quase extintos. Mas eles são exceção. Em regra, existem três razões principais para que existam poucos índios barbados. Acompanhe:
1. Razão cultural
A maioria dos índios raspa os pêlos do rosto ou os arranca fio a fio (ui!) simplesmente por considerar a barba um troço anti-higiênico e antiestético.
2. Razão genética
A população indígena que vive atualmente no continente americano tem origem em povos que habitavam o norte e o centro da Ásia. "A ausência de barba é uma característica dos índios brasileiros que bate com a herança de seus ascendentes, os grupos asiáticos, que também têm poucos pêlos", diz o antropólogo Rui Morrieta, da Universidade de São Paulo (USP).
3. Razão ambiental
A barba nunca foi um "acessório" essencial para os índios que se estabeleceram em regiões tropicais, como é o caso do Brasil. Os pêlos, você sabe, servem para reter calor. Se nossos índios vivessem num clima frio, provavelmente eles ostentariam barbas espessas, como os nativos dos povos de origem européia. Já no nosso Brasil-il-il, um índio tipo Tony Ramos ou Lula passaria um bruta calor. Por aqui, os povos indígenas desenvolveram um outro mecanismo para não sofrer tanto com o clima local. "Do ponto de vista adaptativo, a falta de pêlos dos índios foi compensada por um escurecimento da pele para protegê-los do Sol", afirma Rui.

De onde veio a expressão "Ordem e Progresso" ?

terça-feira, 31 de janeiro de 2012


por Thaís Sant’Ana
Ela foi inspirada em um lema do positivismo, corrente filosófica popular na época da criação da bandeira nacional, em 1889. Ela acreditava que a ciência era a única forma de progresso para a sociedade moderna. A frase original, cunhada pelo positivista Augusto Comte, era "o amor por princípio, a ordem por baixo e o progresso por cima". Já os outros símbolos foram herdados do estandarte na época imperial, mas ganharam novo significado. O retângulo verde, que passou a representar nossa natureza, antes remetia à Casa de Bragança (a família de dom Pedro I). O amarelo, hoje símbolo da riqueza mineral do país, era a cor da Casa de Lorena (da arquiduquesa dona Leopoldina, esposa de dom Pedro I). E o círculo azul era a esfera armilar, também presente na bandeira portuguesa do Império. Agora, indica nosso céu estrelado.